quinta-feira, agosto 18, 2005

Confissões de Ronald Reagan
A vida era muito difícil para Celina Mendes, mesmo antes da pneumonia asiática, de ter guerra e fome no mundo; tinha que conviver com a paranóia de todos os dias.
Não era apenas o medo constante de ser assaltada, estuprada ou morta, todos nós sabemos como é difícil viver em São Paulo. É a dor e a delícia de morar por aqui. As luzes pisca-piscas que fazem da madrugada uma espécie de árvore de Natal, comida de todos os tipos, sabores e higiene sempre à mão nessa megalópole, que nos acolhe e amaldiçoa. Não bastasse o mal psicológico, ainda tinha que agüentar os pulmões sempre ressecados pela poluição. Acordar e tentar fazer de todo dia, dia diferente.
Não é muito feita de corpo, tampouco os olhos e boca e todo aquele conjunto que ela chama de cara me seduziria, mas eu amo essa mulher! Tanta imperfeição, um pouco burra até e a mania que só me irrita, mais e mais; nada me desfaz o prazer de ter o gosto de maçã à boca sempre que a beijo, encanta-me vê-la dormir. Umas horas de paz, sem as preocupações de onde pôr a mão e o que dizer pra parecer sempre correta. Nesses tempos ela é um anjo.
Nem levo em consideração que me mentiu a idade, quando nos conhecemos, também dissera que era uma alta funcionária de um grande banco. Ela me queria impressionar e eu só podia rir de tanta tolice. Desejava era aquela boceta. Desejava qualquer uma, não tinha mulher há muito, não iria desperdiçar aquele pedaço de gostosura. Vi tudo quando a luz assumiu a transparência de sua saia. Contudo tive que deixá-la embaraçada. Não posso negar minha raça, meu sangue. Pai ou avô nunca me perdoaria por escapar a chance de ser cretino com uma mulher, dá-nos mais prazer quando elas estão a fim:
- Olha só, eu não sei o que você viu em mim, mas vai dando o fora porque eu não uso relógio, não sei as horas. Aliás, tá na hora de você se catar, meu!
- Calma!! Me dá só um cigarro, vamo ali no bar, só cheguei até aqui porque notei você me olhando muito. Se interessou por mim, né cara?? Não precisa me enganar, não faz cu doce.
- Mulher, tu só pode estar na falta, na secura, como é que pode me cantar assim... com essa cara deslavada, pobre diaba? Vamo ali naquele motel, mas me diz teu nome antes. Quero dizer, nem precisa. Puta não tem nome.
- Pêra lá, eu não vou cobrar nada pra te dar felicidade e meu Nome é Celina.
- Putz, Celina é o nome da minha mãe!! Não tem vergonha de ser tão oferecida??? Celina é nome de anjo.
- Sua mãe não devia ser boa coisa, não te ensinou a não ser puto. Ou será que você é viado??
Não sei o que me deu, acho que deve de ser aquele lance edipiano, sei lá. Só sei que não agüentava ouvir aquela mulher falar assim comigo. Vai ver foi um daqueles ímpetos infantis. Não tive escolha: abeijei. Nem vou dizer como foi gostoso tê-la num lençol de motel barato. Tanto que em poucos dias tava morando com ela, gozando com ela, metendo a mão naquela cara e reclamando como meu ancestrais faziam com as mulheres deles. Ela gostava. Me sustentava, eu tava era alto nível. Aprendendo a falar inglês, só porque ela já sabia, arrumando as lâmpadas queimadas, consertando os vazamentos, as torneiras. É inegável que eu tô numa coleira, mas sabe que eu até gosto??!! E não é que a vaca achou que seria bom termos um filho??? Tá grávida a ordinária. Mas eu esqueço tudo com aqueles beijos de maçã que ela me dá, deve ter sido isso que tava na bíblia, foi assim que o Adão se fodeu. A Eva também era doida, tinha mania de perseguição, essas coisas. Celina é uma Eva, com boceta "free access". Que mais eu poderia querer?? Voltar pra prisão??? Virar uma noivinha??