9 fora, nada!
- Eu é que te enganei.
Passei o batom e a mão na boca pra não prender nos meus lábios os teus beijos falsos, nunca os pedi.
Eu sei que rasguei a alma, por ter visto com você o orvalho nas folhas: gotejando alegria de ser madrugada em nossas vidas.
Mas eu estava tão perdida, era tudo muito escuro e frio.
Eu nem quis aquele cobertor velho, tampouco ligar o aquecedor.
Estava com o corpo em brasa, porque um amor queima a carne e tosta tudo, quando acaba.
Não era do teu medo que temia, não era com você que queria ficar.
Estava só e impura.
Tinha limo nos olhos e pesar no olhar.
Você veio.
Sabendo de tudo, limpando as minhas feridas.
Sal na carne de churrasco.
Um pouco de mel para matar a fome e encher de sede.
Uma tarde numa branda rede.
Um abraço, mil beijos, sexo e música.
Estava limpa: sem os sinais de nascença, sem a marca de que vim ao mundo, acabando com as lembranças e pouco a pouco descobrindo como é brincar de amar.
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