terça-feira, agosto 09, 2005

9 fora, nada!


- Eu é que te enganei.

Passei o batom e a mão na boca pra não prender nos meus lábios os teus beijos falsos, nunca os pedi.

Eu sei que rasguei a alma, por ter visto com você o orvalho nas folhas: gotejando alegria de ser madrugada em nossas vidas.

Mas eu estava tão perdida, era tudo muito escuro e frio.

Eu nem quis aquele cobertor velho, tampouco ligar o aquecedor.

Estava com o corpo em brasa, porque um amor queima a carne e tosta tudo, quando acaba.

Não era do teu medo que temia, não era com você que queria ficar.

Estava só e impura.

Tinha limo nos olhos e pesar no olhar.

Você veio.

Sabendo de tudo, limpando as minhas feridas.

Sal na carne de churrasco.

Um pouco de mel para matar a fome e encher de sede.

Uma tarde numa branda rede.

Um abraço, mil beijos, sexo e música.

Estava limpa: sem os sinais de nascença, sem a marca de que vim ao mundo, acabando com as lembranças e pouco a pouco descobrindo como é brincar de amar.