sábado, agosto 06, 2005

Clóvis e Clarissa

Clóvis a ouviu dizer bem baixo:

- Clarissa.

E é claro que ele não conseguiu conter a paixão. Uma garota, dessas mochileiras, ele encontrou bebendo água do seu riacho. Não podia dizer que tom de azul era aquele do céu, pois as árvores fechavam as copas de uma margem a outra.E aquele pisca-pisca sem fim? Era dia e não podia ser um vaga-lume.

- E tu, como te chamas?? Por que não cai aqui nesta maravilha de água doce??

Ela já falava em um tom melhor de voz, com uma maviedade, será que isso já foi do mundo antes?

Sorriu. Claro que querendo disfarçar seus pensamentos e também por não teruma resposta. O que diria? Que tinha de trabalhar? Nem mesmo sabia que horas já passavam, não queria saber de mais nada. Tinha uma gaúcha linda a sua frente e talvez ela lhe tivesse tantas histórias. O feno para os animais bem que podia esperar: um dia ou dois, quem sabe?!

- Eu sou Clóvis, vê que coincidência os nossos nomes, têm meio caminho de coincidências, não? E essa água não é tão boa, não demora e já, já surgem sanguessugas, acho melhor tu sair daí.

- Não dá pra crer, pára com isso e vem me fazer companhia.

O que queria aquela mulher?? Clóvis, um completo estranho e já lhe dando tanta aproximação, não deveria ser uma mulher séria para o pobre Clóvis, carinha do interior das Gerais...

Ele não quis descer para o rio, mas ficou ali olhando-a tomar banho etirar a roupa, peça por peça. Não fingiu vergonha ou excitação, não tirava-lhe os olhos. Daí, ela sai, tira um sapato de salto muito alto da mochila e um vestido desses de festa com brilho e plumas, paetês. Troca-se em sua frente sem por uma única peça íntima por baixo da roupa, que cola o corpo com o fechar do zíper. Cumprimenta melhor o Clóvis e enfia a língua dentro de sua boca. Enquanto enxuga o suor do rosto dele, roçaum pouco as pernas nas pernas dele. Morde seu lábio inferior e limpa amão na calça, por dentro dos bolsos detrás.

Ele nem sai do lugar, Clarissa é quem se afasta um pouco, sorri e lhe pergunta onde pode deixar a mochila:

- Se você quiser, pode ficar comigo, eu moro logo ali embaixo, quando voltar,vai lá e pega as tuas coisas.

- E tu não me acompanhas??

- Claro, onde quer ir?? Ainda assim, fica tudo lá em casa, ok?? No meu quartoque é trancado a chaves.

- Tá certo, mas hoje vamos beber um pouco.

Claro que o nosso mocinho pôs a melhor roupa que tinha, banhou-se do perfume do tio e seguiu com a moça Clarissa para o melhor bar da cidadezinhado interior de Minas. Comeu a maçã e foi expulso do paraíso que era a sua vida. Já que Clarissa foi sua perdição, ganhou dela uma mochila, nunca mais veria o tio e a tia que tão bem lhe acolheram depois da morte dos pais. E tinha que toda noite agüentar um ou outro homem que Clarissa se interessava.Isso mesmo, agüentar os chifres que ela lhe impunha, só porque era com ela que se sentia mais feliz, quanto nunca fora na vida.