domingo, julho 31, 2005

O Grande Poderoso Místico da malhação


Brother, eu tava num lance de má sorte naquele dia, sabe? Tinha acabado todas as bebidas da casa, o síndico me pressionava pela trigésima vez por causa de aluguel atrasado e claro, eu não tinha nem um puto nos bolsos, quem dirá no banco. Aliás, será que não era uma dar um rolé pela rua??

Pô, debandei pra diversão que podia pagar: praia de Copa. Lá de Botafogo só precisa atravessar o túnel, e quem sabe não encontrava um comparsa que passasse uma bituca de puxar segunda?

Demorô!

Óculos escuros, porque é esculacho meter a lata debaixo daquele sol, né, não? Minha mão tava pegajosa de um treco meio amarelo, não era porra porque tinha ido dormir baleado da nite. Acho também que meleca não era e a essa hora minha cabeça não processava nada da memória que não fosse minha mãe mandando eu estudar, coisa de uns quinze anos atrás. Enfim, melhora se passar a mão pela calça, vai ficar sujo lá, eu sei, mas imagina se cato uma mina no trajeto e ela vê a porra da mão suja?? Não, não é mesmo a mão suja de porra.

Tomei uma fumaceira de casa pra praia, sabe? E passar por aquela passarela de mijo? Tenha dó! Parece que a Cidade Maravilhosa só cheira a xixi. Pense ai, senhor prefeito: se cartão postal tivesse cheiro?? Que desgraça que seria para o turismo. E ai, nenhuma providência, né, seu maluquinho?? Incorporamos isso na cultura carioca, fazer o quê? Pra encurtar história, fiquei lá, moscando naquela praia. Um visual do caralho e umas nêgas, que vou te contar, cara! Umas mulé com aqueles rabão. Elas esquentam aquele monumento na praia, esquenta no bonde, peleia no sambódromo, vira e mexe com minha cabeça doida. Eu bem que tenho um troço pra acabar com tanto fogo.

Mas voltando, enchi o saco daquele calor, né? Pô, à noitinha é que aproveito mais! Quero é voltar pra minha cama, quem sabe o puto do Josemar não larga a mão de ficar me cobrando o condomínio?? Entraria na surdina, podia até pedir ajuda aquelas ninfetinhas que querem dar pra mim.

Já por Botafogo, passo numa banca de revista pra achar um maço de cigarros e um coquetel, daqueles difícil e tomo minha rota de novo. Mas não é que tô lá, bem na rua da Passagem e miro o Cristo. Dou a pensar que o cara ta lá o mó tempão, braços abertos, vendo neguinho tomando tiro, dando um teco em cola, vendo as patys balançando a bunda no jeans super caro e essas coisas.
Mano, que saco!!

Baixo o olho e bem quando vou pedir a proteção do homi, não é que ele ta lá de cima fazendo uns poli chinelos. Não, cara, não é cuiuda, contei bem uma série de quinze e o Santo esticou os braços pra frente, tocou nos pés, mó disposição pra ginástica. Nem sei se mais alguém viu, também nemchamei a atenção de alguém pra aquilo. Coisa divina, parecia que eu tava tendo um daqueles momentos que os crentes falam na tv do pastor, aquela coisa de que foram tocados pela Luz. Eu já tava pra lá de abestalhado com a malhação sacra, será que o Cara me ia puxar uns ferro ali?? Ele leu meu pensamento, brother!! Deu um sorrisão, me senti seu filho. Ficou num pé só, imitando o Senhor Miaggi, saca aquele lance de movimento da serpente que ensina pro Daniel San, em karatê Kid?? Não, o cara era o Neo em Matrix, no momento que ele desvia da bala, tá ligado?? Acho que não fizeram o homem de pedra sabão, não! No mínimo ele era uma estrutura de borracha ou silicone. Eu até tentei seguí-lo, mas eu nãosou o Todo Poderoso, cara. E foi bem ali, o Homi cai de lá de cima do Corcovado. Man, que experiência!! Um lodo saiu de mim. Brother, eu me mijei todo. Não vi a exata hora que o Cara chegou ao chão, só sei que olhei de novo e não é que Ele tava lá em cima com os braços abertos de novo. Pânico!