Depois dessa longa parada, vai ai resenha dos últimos domingos do evento, pelo menos o que eu vi.
29/04 - Gramodisco, Shaloman e Psicofunk:
Gramodisco - Cinco rapazes bem jovens, do bairro de Cidade Nova, mandando ver em canções com forte carga existencialista. As influências da banda são bem nítidas: Gram (saca o nome da banda?), de quem até fizeram o cover "Você pode ir na janela"; Los Hermanos (de quem executaram "A flor"), parece que muita banda nova quer ir no vácuo do sucesso que eles fizeram e The Strokes. Aliás, acho que a voz do vocalista Giovane Cidreira é muito igual a do Julian Casablancas. Têm muita presença de palco, a desenvoltura de Giovane me fez lembrar muito às de Ian Curtis (Joy Division). Curti muito a versão que fizeram para "Ando meio desligado", dos Mutantes e de Cazuza tocaram "Maior Abandonado".
O hit da banda, pelo menos o que os fãs estavam implorando lá na praça: "Eu, robô", tá na minha cabeça até agora e tem mesmo uma vocação radiofônica muito forte.
Poeta James Martins - Esteve especialmente inspirado, mandou muito de suas poesias (a pedido do público - fico de cara com poesia sendo tão popular, especialmente nessa cidade por conta de suas peculiaridades) e deslanchou com as do conterrâneo: Chico Buarque.
Shaloman - Sete pessoas numa banda pra tocar reggae. Não curto o ritmo, mas a banda me chamou atenção por diversos elementos: primeiro, a Shaloman tem uma backing vocal de uma voz aveludada, macia e por muitos instantes, vibrante e eles têm um instrumento feito de chaves, sabe... Chaves mesmo, daquelas que abrem as portas de nossas casas. Mas pra mim caem sempre na mesma história de se centrarem em Jah. Não à toa as músicas que fizeram as graças do público: "Louvando a Jah", "Fará" e "Rasta". Uma cover do Rappa foi a que mais agitou a massa, mas esta também foi a apresentação que mais dispersou. Ah, durante o show a Sucom apareceu para auferir a potência sonora, estava tudo dentro da legalidade permitida no município.
Psicofunk - A banda mais aguardada do domingo, aliás, mais esperada há domingos. Sempre marcando e desmarcando apresentações e por isso acabou criando uma mística até sobre a sua real existência aos frequentadores do projeto. Mas o dia chegou e até pelo público a banda foi anunciada. Sobe ao palco um sexteto mandando ver numa black music criativa, numa roupagem moderna e flertando com estilos como o Baião, Reggae, Ijexá e também deixando campo aberto para soar a guitarra Rock.
Os Irmãos da Bailarina - Anunciados pelo felicíssimo santista carioca (?), James Martins, Mestre de Cerimônia e poeta da praça, e acostumados a serem tratados como "os de casa", Os Irmãos abrem o projeto deste domingo num tom melancólico, tocando para uma praça ainda vazia. O público permaneceu um tanto apático. A não ser por uma figura que tomava muito o microfone e gritava: "Área 1, rádio Sua Fm!".
Movidos a Álcool - quatro rapazes / senhores de Lauro de Freitas (Pire ai: gente de Lauro de Freitas vindo tocar em plena Soledade...) subiram ao palco plenamente ovacionados. A sensação que me deu foi a de que era a banda mais aguardada da noite e de certa forma a mais aguardada no projeto, diante de tamanha boa receptividade.
Estavam vestidos especialmente para o show, pois mais cedo eu os vira secando os bares da redondeza fantasiados de pessoas comuns.
Demoram um tanto para afinar os instrumentos, mas é impressionante o quanto eram acompanhados, aplaudidos e imitados. O público estava completamente no bolso da Movidos e as demosntrações de afeto e empatia quase vai às raias da loucura, quando por exemplo o vocalista é agarrado por alguns rapazes que invadem o palco. O mesmo agradece essa espontaneidade, mas pergunta que horas o mulherio também iria lhe dar uns amassos.
O show gravita por músicas com forte apelo ao modo corno de ser e vez ou outra elege-se uma musa-ordinária como em "Sônia Louca", "Silvonice volta pra mim" e "O meu querer por Dinalva". Aliás, no momento sobe uma "Dinalva" ao palco que ensaia uns passinhos de dança e se deixa endeusar na proposta divertida da banda.
O vocalista parecia bem emocionado e também à vontade em estar ali e por fazer aquele show, deixou isso bem claro e clamava ao público a não ter vergonha de ser brega, ao som de uma música sertaneja com direito a famoso falsete em que se puxa o gogó, assim sempre fazia Xororó. "Eu vou morar no brega" é o hit que finaliza o show num coro de sei lá quantas vozes, mas todas ansiando por fazer parte da banda.
O domingo ainda pedia mais e então chega a vez da novata Olimpo. Os integrantes assumem pseudônimos de deuses gregos: o baterista Bruno vira Apolo, Alan o guitarrista é também Hades, no baixo há o Dionísio (Caio) e claro que o vocalista tinha que ser Zeus (Jean), é o rock e toda a firula a que tem direito.
Alkimia Humana são quatro garotos muito preocupados em virarem artistas. Eles começaram o show fora do horário previsto e para mim, não deveriam nem ser chamados de banda. Gostam de encenar coisas no palco, panfletar atitude, mas voz e som que é bom: nada!
Theatro de Séraphin - Passava das 20 horas quando começaram a tocar, após uma longa tentativa de afinar instrumento. para mim, motivo maior de excitação e expectativa depois do fiasco que acabara de presenciar.