sexta-feira, maio 25, 2007

Não Largo da Soledade!

Depois dessa longa parada, vai ai resenha dos últimos domingos do evento, pelo menos o que eu vi.



29/04 - Gramodisco, Shaloman e Psicofunk:










Gramodisco - Cinco rapazes bem jovens, do bairro de Cidade Nova, mandando ver em canções com forte carga existencialista. As influências da banda são bem nítidas: Gram (saca o nome da banda?), de quem até fizeram o cover "Você pode ir na janela"; Los Hermanos (de quem executaram "A flor"), parece que muita banda nova quer ir no vácuo do sucesso que eles fizeram e The Strokes. Aliás, acho que a voz do vocalista Giovane Cidreira é muito igual a do Julian Casablancas. Têm muita presença de palco, a desenvoltura de Giovane me fez lembrar muito às de Ian Curtis (Joy Division). Curti muito a versão que fizeram para "Ando meio desligado", dos Mutantes e de Cazuza tocaram "Maior Abandonado".
O hit da banda, pelo menos o que os fãs estavam implorando lá na praça: "Eu, robô", tá na minha cabeça até agora e tem mesmo uma vocação radiofônica muito forte.

Poeta James Martins - Esteve especialmente inspirado, mandou muito de suas poesias (a pedido do público - fico de cara com poesia sendo tão popular, especialmente nessa cidade por conta de suas peculiaridades) e deslanchou com as do conterrâneo: Chico Buarque.






Shaloman - Sete pessoas numa banda pra tocar reggae. Não curto o ritmo, mas a banda me chamou atenção por diversos elementos: primeiro, a Shaloman tem uma backing vocal de uma voz aveludada, macia e por muitos instantes, vibrante e eles têm um instrumento feito de chaves, sabe... Chaves mesmo, daquelas que abrem as portas de nossas casas. Mas pra mim caem sempre na mesma história de se centrarem em Jah. Não à toa as músicas que fizeram as graças do público: "Louvando a Jah", "Fará" e "Rasta". Uma cover do Rappa foi a que mais agitou a massa, mas esta também foi a apresentação que mais dispersou. Ah, durante o show a Sucom apareceu para auferir a potência sonora, estava tudo dentro da legalidade permitida no município.





Psicofunk - A banda mais aguardada do domingo, aliás, mais esperada há domingos. Sempre marcando e desmarcando apresentações e por isso acabou criando uma mística até sobre a sua real existência aos frequentadores do projeto. Mas o dia chegou e até pelo público a banda foi anunciada. Sobe ao palco um sexteto mandando ver numa black music criativa, numa roupagem moderna e flertando com estilos como o Baião, Reggae, Ijexá e também deixando campo aberto para soar a guitarra Rock.


06/05 - Os Irmãos da bailarina, Movidos a Álcool e Olimpo:





Os Irmãos da Bailarina - Anunciados pelo felicíssimo santista carioca (?), James Martins, Mestre de Cerimônia e poeta da praça, e acostumados a serem tratados como "os de casa", Os Irmãos abrem o projeto deste domingo num tom melancólico, tocando para uma praça ainda vazia. O público permaneceu um tanto apático. A não ser por uma figura que tomava muito o microfone e gritava: "Área 1, rádio Sua Fm!".
Nem diante da terceira do set e tradicional música "Ciranda da Bailarina", de autoria de Chico Buarque e que costuma arrancar arroubos de entusiasmo e alegria, nenhum movimento perto disso foi averiguado.
As reações mais animadas surgem na décima segunda execução: "Disneylândia" que foi bastante aplaudida. A demonstração emocional mais forte para com a banda foi o desconcerto de pessoas mais velhas diante do refrão: ''pois quem bebe, quem fuma e quem fode, é porque pode" de "Aos Prazeres". Acredito que para a banda seja o máximo esse choque.





Finalizado o show dos Irmãos da Bailarina e com a praça mais cheia, James Martins está à vontade para recitar Pixinguinha. Não posso dizer que seria a mais perfeita introdução ao show seguinte, mas de qualquer sorte, cada um faz seu espetáculo particular e é assim que deve ser.





Movidos a Álcool - quatro rapazes / senhores de Lauro de Freitas (Pire ai: gente de Lauro de Freitas vindo tocar em plena Soledade...) subiram ao palco plenamente ovacionados. A sensação que me deu foi a de que era a banda mais aguardada da noite e de certa forma a mais aguardada no projeto, diante de tamanha boa receptividade.
Estavam vestidos especialmente para o show, pois mais cedo eu os vira secando os bares da redondeza fantasiados de pessoas comuns.
Demoram um tanto para afinar os instrumentos, mas é impressionante o quanto eram acompanhados, aplaudidos e imitados. O público estava completamente no bolso da Movidos e as demosntrações de afeto e empatia quase vai às raias da loucura, quando por exemplo o vocalista é agarrado por alguns rapazes que invadem o palco. O mesmo agradece essa espontaneidade, mas pergunta que horas o mulherio também iria lhe dar uns amassos.
O show gravita por músicas com forte apelo ao modo corno de ser e vez ou outra elege-se uma musa-ordinária como em "Sônia Louca", "Silvonice volta pra mim" e "O meu querer por Dinalva". Aliás, no momento sobe uma "Dinalva" ao palco que ensaia uns passinhos de dança e se deixa endeusar na proposta divertida da banda.
O vocalista parecia bem emocionado e também à vontade em estar ali e por fazer aquele show, deixou isso bem claro e clamava ao público a não ter vergonha de ser brega, ao som de uma música sertaneja com direito a famoso falsete em que se puxa o gogó, assim sempre fazia Xororó. "Eu vou morar no brega" é o hit que finaliza o show num coro de sei lá quantas vozes, mas todas ansiando por fazer parte da banda.

Contaminado pelo momento brega, James Martins se apropria do amor, como um sentimento brega.




O domingo ainda pedia mais e então chega a vez da novata Olimpo. Os integrantes assumem pseudônimos de deuses gregos: o baterista Bruno vira Apolo, Alan o guitarrista é também Hades, no baixo há o Dionísio (Caio) e claro que o vocalista tinha que ser Zeus (Jean), é o rock e toda a firula a que tem direito.
A Olimpo levou todo o fã-clube, cantava num inglês tão ruim e apresentou um vocalista numa dicção bizarra que só poderia agradar mesmo aos fãs (a essa altura, quase a totalidade da praça). Com certeza foi a banda mais verde do domingo, músicos totalmente descoordenados (vai ver é estilo), mas é também isso a razão de ser do projeto: apoiar bandas novas.
O que me pareceu ser uma banda gótica, pelo apelo visual (layout de rock do mal) e pelas canções próprias, se perdeu diante de cover de Los Hermanos (o que há com essa rapaziada?) e Paralamas do Sucesso. O público não aplaudia, mas os familiares dos músicos estavam lá pra dar aquela força. Finalizaram o show depois de muitos atropelos, inclusive com uma versão em português de uma música do Evanescence, completamente equivocada, enfim.


Há uma pausa do projeto para a comemoração do dia das mães...


Dia 20/05 - Alkimia Humana, Theatro de Séraphin e Os Irmãos da Bailarina




Alkimia Humana são quatro garotos muito preocupados em virarem artistas. Eles começaram o show fora do horário previsto e para mim, não deveriam nem ser chamados de banda. Gostam de encenar coisas no palco, panfletar atitude, mas voz e som que é bom: nada!
Da música "Aqui, ó!" não se entendia um caracter do que era cantado, mas claro que não era preciso, bastava estender o dedo médio, seguindo o vocalista, que a "mensagem" era passada.
A música "Polícia" dos Titãs foi literalmente gritada pelo guitarrista, enquanto que o vocalista simulava uma batida policial com uma pessoa do público. Sim, foram bastante teatrais, mais para o sentido pejorativo da expressão.
"A noite", música autoral sobre a vida de adolescentes que acham o máximo encher a cara e ficar vagando pela rua. Ainda assim, faziam côro: pais, mães, namoradas e poucos desavisados. Rolaram algumas covers em pout-porri de Raul Seixas, enfim.
Achei essa banda a pior piada mal-contada, o vocalista evocava as pessoas a acompanhar o que ele cantava, mas que só ele entendia e teve gente até se esforçando para atendê-lo no cover de "O tempo não pára", de Cazuza, mas faltou gás.




Theatro de Séraphin - Passava das 20 horas quando começaram a tocar, após uma longa tentativa de afinar instrumento. para mim, motivo maior de excitação e expectativa depois do fiasco que acabara de presenciar.
Dantas, Cézar, Artur e Nuno dão show para uma praça lotada, mesmo depois de um recesso do projeto no domingo anterior. depois da primeira música, Artur ressaltou a importãncia do projeto pra vida cultural da cidade e explanou o desejo de ver a idéia se espalhando por todos os cantos da mesma. Mais passagem de som e na música "Cólera" a Sucom apareceu impedindo a continuação do show sob vaias do público. Inclusive um pracense foi convidado à acompanhar os policiais à delegacia, acusado de desacato a autoridade, o mesmo se dirigiu amparado pelo advogado do projeto.
Lamentável, mas também Os Irmãos da Bailarina não puderam se apresentar.
27/05 - Lou e Estrógeno (Pe)
Cheguei atrasada para esse show e o que vi foi que a Lou fez show debaixo de chuva para um bando de jovens roqueiro à Praça. a performance das meninas é comentada até hoje no site do projeto.
A Estrógeno, vinda de Pernambuco fez um show com punch: as garotas da banda estavam completamente encharcadas de chuva e de rock. A aparelhagem sonora estava comprometida, mas o público curtia de perto, se protegendo como podia da chuva e muitos compraram cds da banda, pediam autógrafo...
03/06 - Sine Qua Non e Pessoas Invisíveis
A chuva tinha dado uma boa trégua, deu pra Sine Qua Non fazer seu show sem sobressaltos. Tivemos a notícia que a banda havia acabado, mas na verdade tudo não passou de uma parada até a banda acertar alguns elemento. Também perdi esse show.
Cheguei no moneto em que a Pessoas Invisíveis dava os primeiros acordes de abertura de seu show no Largo. Fez um show vibrante e apesar de ser desconhecida pela maioria do público da praça, agradou. Foram todas as músicas de seu ep e mais um ou outro cover. Já estava finalizando a apresentação quando a Sucom surgiu e sem nem fazer medição sonora, apreendeu equipamento. Outra intervenção chata, arbitrária e já sabemos: preconceituosa contra a música alternativa.
O projeto dá uma parada para reestruturação, ajustes e busca de parcerias, sem falar nas condições do tempo na cidade que sem dúvida comprometem a realização do evento. Contudo, bandas, artistas e público, continuem acessando site, participando da comuna no orkut e olhando este blog para manter-se informado das nossas ações. As inscrições transcorrem normalmente e esperamos todos vocês lá na praça em setembro.
Veja outras fotos no site, que também foi fonte para todas essas da resenha.