Sobre o show de ontem à noite...


havia saído da peça "Notícias Populares", montagem badalada da Companhia de Comédia Os Melhores do Mundo, no TCA. Lá foi assim... Se eu não conhecesse as piadas e boa parte dos isquetes no You Tube, acredito que eu me divertiria. Ainda assim, gostei das adaptações feitas ao público baiano. Foram cerca de três apresentações e pelo que eu soube, todas completamente lotadas. Sim, o detalhe é que eu fui pra Zauber tarde, passada a hora de início do show, completamente cansada e acredito que isso tenha uma influência sobre os relatos a seguir, mas vamos lá!

A Zauber é um lugar complicado de chegar: você pode subir pelo comecinho da Ladeira da Montanha (quem é doido?!) ou descer por detrás da Prefeitura... Desce uma eternidade, um lugar deserto. Bom, quem tiver habilidades especiais ainda pode dar um outro jeito de chegar naquele beiral da águia. O melhor de cumprir a via crucis pelo segundo caminho foi dar de cara com os melhores amigos do rock, depois de uma ressaca promovida por feriados, que se traduzem em completo marasmo em matéria de eventos rockeiros.

Ainda do lado de fora bati um papo com a massa, verifiquei as bandas todas presentes, parecia tudo em ordem para início do show, mas nada do técnico de som. Algumas pessoas me interpelavam pela demora (pô, mas logo eu???), acho que por causa de perseguir, cobrar isso dos eventos nesta cidade. Pois bem, por volta da meia-noite e meia, o primeiro show fica a cargo da Banda Starla, que agora está trazendo guitarras mais altas nas suas músicas e arranjos renovados, o que está se traduzindo naquela linearidade de que já falei aqui algumas vezes. É difícil, a voz de Ricardo Longo se impõe, mas foi tudo ok. O equipamento sonoro não tava dos melhores, mas em se falando de Zauber vou aliviar na crítica.

O produtor do cd da banda, Luisão Pereira, que também corre por fora numa excelente carreira de letrista, subiu ao palco pra tocar guitarra nalgumas músicas. Inclusive cedeu a Ricardo (bem pensado) o momento da execução de "Quadriculado". Essa música de sua autoria junto a Ronei Jorge é de um lirismo super apurado e pela primeira vez a escutei na voz de um cantor. Ficou linda! Belo também é o cover que a banda faz de Fagner, mas não aguento mais ouvi-la em todos os shows que vou. Nem lembro se é realmente em todos shows, mas já tá na rusga.

Rádio de Outono, banda de Recife, que tem sonoridade idêntica ao rock da década de 60, começou o show morninho. Tive a impressão que as pessoas não conheciam as músicas, mas o som certamente motiva uns balanços. Eu curto mais a voz de Gleisson Jones (bateria e 2ª voz), que a da Bárbara Jones, mesmo amando vocais femininos, o que incomoda é o tom do tipo Wanderléia (Jovem Guarda), mas não posso negar que a presença de palco e simpatia dessa garota fazem diferença numa apresentação. Destaque maior para a interatividade com Thilindão (baixista da Honkers), um show à parte na dança sensual.
O som é bem marcado pelo teclado de Júnior Vieira e eles não trazem o sotaque recifense nas canções, o que me valeu até uma discussão com Mariana (vocalista da Matiz) sobre a importância disso. Detalhe é o retorno do baixista Fernando Barreto (Volver) à formação da banda, que não tem guitarrista, mas ainda ssim com um puta apelo radiofônico.

A terceira, mas não última, apresentação da noite foi a banda Pessoas Invisíveis. O som estava muito alto, quase assassino, mas o vocal ficou totalmente prejudicado. Não conseguimos entender nada do que era cantado e os lábios de Bruno Pizza colados ao microfone não ajudava em nada. Certamente uma perda para quem, por exemplo, estivesse vendo a um show da banda pela primeira vez. Estavam visivelmente insatisfeitos tanto que fizeram um show bem curto, porém com o tempo de salientar o punch e inventividade de duas guitarras, baixo e bateria.

A noite não acabaria ai, porque Glauco Neves permaneceu na bateria e subiram ao palco: Thilindão, tomando um baixo de alguém, enquanto Jerusa Leão (Cox) assumia vocal e guitarra num cover de "Rockin' In The Free World", do Neil Young.