Domingo, 05hs - saio da rodoviária de Salvador, rumo a Vitória da Conquista pra pegar este festival, porque aqui não rolaria mesmo. O ônibus estava vazio, dava pra relaxar direito, mas eu não costumo dormir nessas viagens, principalmente de dia. Para meu azar.
14hs - foi mais ou menos o horário que desci na rodoviária de Conquista, e essa demora ainda contando com as médias condições da Rio-Bahia. Diante de um calor desumano, eu era toda encasacada... Ainda tinha que tomar um busu municipal em direção ao Centro, pois a festa estava marcada para a Concha Acústica do Centro de Cultura de Vitória da Conquista.
Puta espera, mas lembrando que era um domingo (os ônibus demoram mesmo!), eu angustiada pela hora marcada para o evento ser às 15 e por não ter a mínima noção da distância da rodoviária pra lá. Tô quase inclinada a tomar um táxi, quando surge o Inocoop II. As pessoas que estavam no ponto, aliás simpatissíssimas, disseram que era o meu, o Gilmar (produtor do evento na cidade) também havia dito que este era uma boa opção porque eu desceria em frente ao Centro de Cultura.
R$ 1,30 mais pobre (hehehe!), pois é o preço da passagem no coletivo, vou seguindo em voltas e voltas por Vitória da Conquista e experimentando umas longas paradas, nalguns tipos de estação que a cidade tem; vou reparando no quanto é organizada, bem limpa e sinalizada (olhar de turista é isso ai.), tem muitas campanhas de educação para o trânsito e outras coisas que facilitam o convívio social. Tão discretas que fariam Salvador corar de vergonha de sua poluição visual. De repente uma parada brusca, um acidente na rua, ninguém poderia passar tão cedo e eu me atrasaria um tanto mais.
16:40hs - pô, eu queria pegar todo o festival, mas chego lá na Concha exatamente na hora em que Vítor (Princípio Ativo) está fazendo um discurso de agradecimento e despedida. Da bilheteria (- R$ 5,00) ainda escutei o finzinho de uma música, deu pra sacar que se tratava de punk rock, mas era a primeira banda terminando um show.
Som mecânico com as bandas do festival rolando de background e eu sentada num dos degraus da Concha observando como o espaço estava vazio. Não sabia se o público era assim lá em Vitória da Conquista.
Aos poucos a massa ia chegando... A quantia de All Star, gravatas e olhinhos pintados superava qualquer tentativa de contagem, converso com uma pessoa ou outra pra me ambientar mais sobre os hábitos e a vida roqueira da cidade, até que o "dono do som" me contou que realmente o público estimado não apareceu por conta de boicote na divulgação do evento nas emissoras de tv, simplesmente porque encarama o evento com o nome da MTV por trás como ameaçador...
A todo momento que escutava os apresentadores da festa se orgulharem de Vitória da Conquista ser a única cidade da Bahia a abrigar o evento, eu me encolhia um pouco mais entre os integrantes de bandas do festival que de lá apreciavam cada apresentação, até a hora da própria ou no momento de subir ao palco, convidados por outra banda.
17: 20hs - mais ou menos, sobe ao palco a segunda atração do dia e a minha maior expectativa: Vanguart! Me surpreenderam pra caramba pela qualidade técnica e vocal principalmente. Não conhecia o Layout da banda e quando vi que o vocalista era um rapaz baixinho e magrinho, quase não acreditei que aquele vozeirão podia sair dele, enfim... A banda foi mandando pra pouco público ainda, e no poer do sol, um excelente folk rock feito em Cuiabá. Eu achei que era talento pra exportação imediata! Vanguart reuniu todos os integrantes das outras bandas no palco pra cantarem suas músicas. Uma verdadeira festa! Todas elas, por maior diferença que houvesse no rock de cada banda, pareciam tão unidos, afinados, sabiam as letras de cór. Emocionante!
O baixista da Vanguart inaugura um estilo de dança no palco tão linda quanto engraçada: fazendo biquinho e balançando os pés como se se preparasse para um vôo.
Quando chega a vez da Zefirina Bomba, da qual nem simpatizo, os "teeenagers" se empolgam e dançam todas! Vibram com a homenagem que eles fizeram a Syd Barret, com as peripércias do vocalista, que até se atirou do alto de uma caixa de som e foram ao delírio com o discurso panfletário da banda. Acho que se aquilo fosse um torneio de futebol, a banda teria apresentado o melhor baterista "em campo".
Ah, a Faichecleres... Tudo bem, são uma banda sexista, o baterista Tuba pessoalmente nem é tão agradável, mas fizeram um showzão! Mandaram seus hits todos e mais cover de Cascavelletes. A diversão foi tão grande que empolgada com aquele rock baseado na música sessentista fui atrás de material da banda. Só consegui uma camiseta, mas é uma camisa linda. O vocalista Giovani deixou claro que não estavam ganhando nada pra estarem lá, que fazem aquilo por amor e que de repente, fazer parte daquela tour não tinha nada que ver com o peso da Mtv.
Os Rock Rocket - já estavam no palco às 19hs, o clima fica frio rapidamente, lembra que eu tinha reclamado do calor antes? Pois é, mudança brusca de temperatura.
Eu não consegui entender o que foi cantado na primeira música, uma escapulida do técnico de som, acho. Também nem sou afim do som da banda, mas tava lá o público balançando, fazendo trenzinho e rodas de pogo, além de cantar todas. Pra mim resumiu-se a um baixista fenomenal, dá gosto de vê-lo tocar, foi quem me hipnotizou. Uma técnica apurada e uma beleza física só menor que o charme.
Uma pausa para a participação do público com um cara entoando um cordel de Chico Pedrosa sobre o auto da crucificação. Gostei!
O público tava bem animado e a polícia se fez presente, mas de forma absolutamente desnecessária, pelo menos não vi nenhum foco de confusão.
Daniel Belleza e os Corações em Fúria pisa no palco com uma cara estranhísima, um jeito todo teatral e vestido na cueca que o Tuba (Baterista da Faichecleres) já havia usado. Falta de higiene? Ou é só a compartilhação de bens de um possível casal? Não me ocupo tanto desse pensamento, o fato é que a banda parece um coletivo de travestis- skinheads (será?), rapazes com cara de mau, mas que não assutam ninguém, achei até dóceis em alguns momentos, todo o contrário da impressão passada na tv. Uma musiquinha boba, o público nem deu tanta importância, a não ser no cover de Raul Seixas que é mais que fórmula pra agradar. Chamou todas as bandas para entoar uma de suas músicas fracas e o vocalista ficou se cortando com a boca de uma garrafa no palco, mas parece que só eu percebi. O público mostra mais ânimo com a cover de Ramones que eles tascaram, acho que devia ser a última tentativa. Deu certo! Até quem não era músico subiu ao palco, o dono da idéia da tour, Bruno Montalvão também foi lá.
Ecos Falsos - que já tocou em Salvador fez só um show morno, descambando para o chato, não sei. Tiveram um momento de simpatia com o público fazendo uma espécie de "namoro ao vivo", onde um carinha se declara pra mulher que já namora ao som de uma cover do weezer. Layout da banda a lá Beatles com direito aos cabelos em franja. O vocalista tá sempre reclamando de retorno, o que me faz pensar no dito popular que "não há boa ferramenta para mau trabalhador". A banda não tem o mínimo punch, que eu acho que era o que o público tava afim...
Poucas pessoas ainda pela Concha, finzinho da noite, quando ficamos sabendo que a Ardefeto não tocaria devido ao atraso das outras bandas. Bem, eu tava muito nervosa com o horário de pegar o busú de volta pra Salvador e imaginando que só poderia ficar pra mais 20 minutos da música deles, até que a vocalista Ludmila Dias, muito emocionada, desculpa-se e culpa a produção do evento.
9 Comments:
pelo visto foi até bom eu ter ficado por aqui...
miwky, vc eh uma guerreira do rock. e esse projeto banda antes ta parecendo banda depois.
é só meu olhar e eu tô velha pra esse negócio de rock...
Miw!!! Por que não foi para Aracaju? Era mais perto e mais barato!!!! Pelo menos teve algum representante soteropolitano em Conquista.
Poxa!!! Acho legal o som da Zefirina...pode até ser "panfletário", mas a pegada é massa!!!!
aracaju foi em dia de semana e eu trabalho, bruno...
miwky, tu já merece uma medalha por serviços prestados! Que raça!
É muita garra, viu Miwky! Só por isso já merecia uma medalha, mesmo!
É muita garra, viu Miwky! Só por isso já merecia uma medalha, mesmo!
pois podem preparar a cerimônia, eu vou querer a medalha. heheheh!
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