domingo, maio 21, 2006

Pra deixar Rastro




Bate-papo rápido com o Eduardo, guitarrista/vocalista e com o Marcus, baixista da banda mambanegra. Por motivos de saúde e timidez o baterista não participou desta entrevista, mas eis que a Clarice Lispector, Retrofoguetes e Frank Zappa apareceram... Tudo um tanto polêmico, mas saquem só:






Eduardo, Jubaleo e Marcus - foto de Silvis

Miwky - Quero que comecem dizendo como se conheceram e como surgiu a idéia de formar a... Como é mesmo o nome?? Significa o quê?

Eduardo - mambanegra. mambanegra é o nome de uma cobra venenosa, perigosa e traiçoeira. É interessante pensar que o Rock ainda tem esses ingredientes, principalmente numa cidade como Salvador, onde o Rock anda tão inofensivo. Tocamos nesta banda há mais ou menos 8 meses. Eu e Marcus já tocamos juntos em outros projetos e nos conhecemos desde o colegial. Juba a gente conheceu quando ele entrou na banda, a gente tava procurando um baterista e tivemos a sorte de encontrá-lo.

Marcus - Na verdade, eu e Eduardo viemos de outros projetos em conjunto.... Mas como as coisas aqui em SSA levam tempo ou apodrecem antes de amadurecer, a coisa foi se moldando até chegar onde estamos hoje.

Miwky - Como vocês definiriam o som da banda?? E como identificar Joy Division neste som, já que é uma influência declarada na Trama Virtual?

Eduardo - Eu não sei definir o nosso som. Tenho a certeza de que nós não nos parecemos com ninguém. Tem muita gente que fala que faz coisa nova, mas quando você escuta é mesmice. O que agente faz, de fato, não remete a nada. Não que isto seja um pré-requisito, mas somos assim e nos orgulhamos disso. Nós nos esforçamos para fazer um trabalho bem feito e, principalmente pesado. E em relação ao Joy Divisiom, eu gosto bastante.

Marcus - Eu também. Acho que esse lance de rotular é perigoso... Podemos ficar presos a isso e limitar as idéias, saca? Num nível macro somos basicamente Rock! Mas não nos prendemos ao conceito do Rock como conhecemos hoje na música.... Somos Rock em atidude na vida... Se ouço algo e gosto... Isso pra mim é Rock!

Eduardo - Não sei o que somos, nunca parei para definir. Se eu defino a minha música, eu a limito, sacou? Isso não é importante. Mas nós não nos parecemos com o Joy Divison a não ser na sisudisse.

Miwky - Saco, claro! Ainda assim, consigo perceber uma veia "zappiana" na banda, algo que ainda não vi sendo feito na cidade, como acham que será o relacionamento da mambanegra na cena?? Com quem gostariam de tocar aqui e por quê?

Eduardo - Já tocamos com Automata, Honkers, Pessoas Invisíveis e outras. Gostaria muito de tocar com outras. Mas em relação ao relacionamento da mambanegra com a cena isso é uma incógnita, não faço a menor idéia, apenas acompanho que as pessoas têm gostado do som.

Marcus - É por ai. Acho que qualquer relacionamento começa aos poucos; no momento, estamos namorando (a cena), mas acho que isso não é uma preocupação da banda, nós queremos mostrar nosso trabalho, se pudermos contar com a "cena", ótimo! Mas se não, acho que isso não é um problema. O principal é que gostemos do nosso trabalho.

Miwky - vocês têm uma pretensão Pop, atingir mercado maior? Participar de festivais, talvez??

Eduardo - Nós não estamos muito preocupados com a cena daqui, pra falar a verdade. Não temos pretensões Pop. Não sei se fazemos música Pop, sei que temos momentos de improvisação, experimentalismo e momentos em que queremos apenas fazer Rock no esquema verso / refrão / verso / refrão. Mas Pop não é um estilo, é tudo aquilo que é popular, que tem aceitação e que agrada a uma maioria e a mambanegra não se importa em ser popular, não se importa com mercado, e, com certeza, pertencer a uma maioria não está nos nossos planos.
Uma vez perguntaram a Clarice Lispector se ela se considerava uma escritora popular, ela disse que não, pois já tinham-na chamado de hermética. É mais ou menos por ai, já nos chamaram de herméticos também. Isso não fazia parte dos nossos planos, mas se quiser saber a verdade, acho bastante confortável. Nós somos forçados mesmo, queremos soar de uma determinada maneira, e nos esforçamos para isso, não deixamos as coisas acontecerem naturalmente. E eu não me esforço para ser Pop, muito pelo contrário.

Marcus - A pretensão é importante... Acho que falta isso aqui na cena: se você tem um trabalho que acha que vale a pena e é bem feito por que não ter pretensão de atingir uma gama maior de pessoas? Indenpendente de mercado ou determindado segmento, isso é quase um problema social: o soteropolitano se contenta com pouco, tem muitas datas comemorativas para se preocupar.

Eduardo - Mas temos pretensões de atingir um mercado, de vender e de tocar o máximo possível, queremos agradar sim, mas não temos nenhum "apelo Pop" ou coisa parecida e isso é mais que possível.

Miwky - Quer dizer que estão numa só de tocar?? Não têm planos de divulgar a banda, fazer um marketing mesmo dela?? Não trabalham isso?? Como é que é?

Eduardo - Claro que sim, mas isso não significa ter "apelo Pop", nós estamos finalizando uma demo que está sendo gravada no Estudio Vértice, falta gravar as vozes e iremos divulgar. Queremos ter público, mas sabemos que não iremos ser unânimes, e fugimos disso.
Ninguém monta uma banda para tocar para ninguém, mas você não precisa ser comum para ter público e sobreviver de música. Você já viu na MTV algum clipe do Tomahawk? Eles são um exemplo: fazem shows, viajam, fazem discos, camisas, site, etc... Mas se comportam de outra forma. Por outro lado, fazem uma música autêntica, sem ser "Pop" (Argh!) e eles com certeza ganham bem a vida dessa forma. A gente têm pretensões sim, mas nossas pretensões não são comuns.

Marcus - Vender sem ser vendido, entendeu?

Miwky - Voltando ao som da banda: o que é mais importante, digo, o que não pode faltar, ainda que demonstrem bastante experimentalismo?

Eduardo - Hum... Nós nos preocupamos em deixar a música coesa. Temos algumas características em comuns, mas no geral, quando escutamos o resultado final e percebemos que a música está coesa, pesada, estranha e intensa, ficamos satisfeitos.

Marcus - É isso! Quando a música tem a cara dos 3 ela está "pronta". O que não quer dizer que ela não sofrerá alterações.

Eduardo - Elas sempre sofrem alterações, mas é importante para mim, pessoalmente, me diferenciar do que é feito em Salvador.

Miwky - Por que? Qual a sua observação sobre o que é feito em Salvador??

Eduardo - Porque eu acho a "cena" monótona. É claro que tem bandas boas e músicos bons: Gilberto Monte, Edson Rosa, Peu, Morotó, Martin, etc, são grandes guitarristas. É inegável, por exemplo, a qualidade de Ronei Jorge e os Ladrões de Bicicleta, A Sangue Frio, Retrofoguetes e Automata. São bandas que eu gosto. Eu tendo a gostar de bandas que, de alguma forma, se fazem importantes, como Tara_Code e Sangria, minhas preferidas daqui. Elas são necessárias, saca? São contundentes. Salvador, mais do que nunca, precisa do vigor que essas bandas trazem ao Rock e à música de uma forma geral. Mas numa visão geral, é monótono, insosso e inofensivo. Não adianta apenas profissionalização e bons músicos se a mentalidade é atrasada, ou como preferir, a palavra da moda, Retrô. É por isso que eu busco me diferenciar.

Marcus - Resumindo: pretensão, pretensão de fazer algo novo, ousado e diferente.

Miwky - E sobre o que falam as letras das músicas da mambanegra?

Eduardo - Acho que é mais raiva que transborda mesmo, raiva do contexto que eu vivo. No mais, uma letra eu fiz pra uma pessoa em especial, uma pessoa que amo e que sou feliz do lado dela, e as outras são apenas vômitos.

Marcus - A "mamba" é nossa análise, não precisamos pagar analista.

Miwky - e quem quiser ouvir ou saber mais da banda quais são os canais?? Próximos shows, ensaios abertos, etc???

Eduardo - Bem, no momento estamos gravando no Estúdio Vértice, apenas para divulgação. Falta gravar as vozes e mixar, e ai iremos divulgar na Internet, mas por enquanto nada de concreto além da gravação. Queremos apenas fazer muitos shows, agradar e também incomodar.

Marcus - Incomodar bastante! Rsrsrsrs!

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9 Comments:

Anonymous Anônimo said...

idolos!
orgulho de dizer q ja toquei com eles!

21:25  
Blogger D. said...

minha ídala é a miwky!

21:31  
Anonymous Anônimo said...

As entrevistas estão ótimas miwky!

Vi só um show dessa banda, achei chatão. Mas tb o show foi interrompido várias vezes por causa do microfone...

23:00  
Anonymous Anônimo said...

jac si saia. a mamba é fudida! (mto boa) e olhe que sou nojenta...

09:50  
Blogger mov. nac. de busca e apoi a pessoas desaparecidas said...

rawcat?? só pode ser a gatadebbie! uhu!!

quanta gente que eu nunca vi aqui!! tô emocionada...

obrigada, mambanegra!!!

13:51  
Anonymous Anônimo said...

Adoro a mambanegra! A gente até faz plagio deles na Flauer!!! =)

18:43  
Anonymous Anônimo said...

rapaz...eu ainda me lembro qd eduardo (da machina) me apresentou eduardo pelo msn para fazer um som, mas acabamos não passando disso. aí teve um dia que me encontrei com ele, falei sem ele nem lembrar e ele me apresentou a banda...só fez me lembrar da época de 1992 a 1997 qd tinha uma moçada grande de salvador que freqüentava shows de rock e fazia a cena aparecer na capa da show bizz. a manbanegra faz um som que me remetem algumas lembrança, porém tem suas pitadas de vanguarda! abração!!!

20:52  
Anonymous Anônimo said...

eu não lembrava que tinha apresentado dedé ao pessoal da mambanegra pelo msn... well, vivendo e se lembrando do que fez no passado!

16:58  
Anonymous Anônimo said...

POxa! Ainda não vi a banda ao vivo, mas os comentários são os melhores possíveis! Estarei presente no próximo show!

E sim! A flauer faz um plágio de vocês... Hehehe... Que engraçado!

13:40  

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