"Aonde é que você vai estar?"

Com alguns shows na bagagem , o quarteto fantástico Machina bateu um papo comigo, naquele mesmo esquema de entrevista pelo msn pra mostrar o gás novo que é o Rock de Salvador. Prestem atenção!

Gean (guitarra), Eduardo (baixo/voz), Liana (bateria) e Moca (voz/guitarra) - foto: nelson castro / vinicius xavier

Miwky: Contem ai quanto tempo de banda, como se conheceram?

Moca: Tudo começou quando eu coloquei um post no meu blog, fazendo comentários sobre alguns cds e Eduardo me mandou uma mensagem dizendo que queria fazer um som naquele estilo. Nós já nos conhecíamos há alguns anos, já que ele estudou com uns amigos meus. Experimentamos várias idéias de som e acabamos chegando num consenso, querendo fazer um rock como antigamente: mais direto e simples, mas com bastante energia.

Eduardo: Começamos mesmo em janeiro de 2004 com a chegada de Liana na banda. Antes disso, tocávamos só nós 3 (Eu, Gean e Moca) mais pra conhecer a musicalidade de cada um. Com a chegada de Liana a banda teve um foco maior. Acho que isso sim marca o início da Machina.
Conheço Gean há muito tempo, desde os tempos de colégio. Adelson (Moca) fui conhecer mais tarde, através do povo da Católica. Liana, por tabela, veio dessa dobradinha da Católica também: ela é prima de uns amigos comuns... Como você pode ver, a gente começou quase como uma banda de 'amigos de amigos'.

Gean: Era um baixo e duas guitarras.

Liana: E uma "meia-lua".

Eduardo: Verdade, beem no começo. Também tínhamos uma backing vocal: Suyane, que cuidava da meia-lua. Quando a gente começou mesmo, éramos um quinteto.

Miwky: E por que Machina? Acho que tem algo de mitológico...

Eduardo: Geanderson trouxe esse nome pra banda quando éramos só nós 3, ainda... O nome pareceu sonoro, não sei porque, na época a gente achou que tinha a ver com o que a ver queria fazer... Calhou que hoje criou-se uma identidade mais forte entre a gente e esse nome... Não tem um motivo, digamos assim, mais profundo. Soava bem. Pronuncia-se máquina, mas não tem nada a ver com italiano ou nada assim. Eu sei que Machina é um nome em latin, e ex-machina é um mecanismo de roteiro, mas o nome da banda não veio por aí, foi pela sonoridade mesmo.

Gean: Sim, era máquina no início. Eu tinha a uma idéia de uma banda com o nome máquina... Não sei muito bem o por quê. Na verdade era pra remeter a motor, carros... Sujeira... Como eu curto muito Mc5...

Miwky: Das influências que vocês citaram lá na Trama Virtual, acho a banda bem "beatlônica" mesmo, com uma levada de Rockabilly e tals, mas como é que Lovecraft*, Stephen king* e filmes de terror se mostram como marca no som da machina?

Eduardo: A resposta pra essa é clima. A gente não vai fazer letras sobre monstros ou carros assassinos (não que tenha problema algum com isso), mas essa influência meio terror B se reflete muito no clima que a gente busca para as nossas músicas e pros nossos shows. Os cartazes dos nossos eventos (com design de Geanderson e idéias de todo mundo) passam isso mais claramente.

Moca: Nós gostamos muito da estética e da sonoridade dos filmes de terror e o clima que isso proporciona. Rock'n'roll e cinema B sempre caminharam juntos.

Gean: Beatles sim, mas tem um monte de coisa mais suja que a gente curte também.

Miwky: Aproveitem e vão falando o que vocês curtem ouvir. Eu mesma tô curtindo muito chorinho agora.

Eduardo: Eu acho que dos Beatles a gente tem mais reverência do que referência, mais um respeito tipo 'os caras botam pra fuder' do que 'queria fazer um som assim'. Eu ouço MC5, Thee Milkshakes, Mho, Sonics, Datsuns, Hellacopters; gosto de The Hives, Bloc Party, Libertines, Babyshambles, The Monkees...

Gean: Stooges, MC5, Sonics, Kinks, Who, Stones, Small Faces... Acho que Hives, Franz Ferdinand, Hellacopters. E eu gosto de Echo and the Bunnymen.

Liana: Stones, Janis Joplin, Doors, Nirvana...

Moca: Eu gosto de Faith no More, Kinks, The Who, The Hives, Chico Buarque, The Clash, Sex Pistols, Rolling Stones, Beatles...

Eduardo: Até mesmo entre a gente as referencias divergem um pouco, claro. É isso que dá o gosto da banda.

Miwky: Li que a menina Liana além de baterista também é modelo, como é isso?

Liana: Eu sou adolescente...Heheheh! Tenho 19 anos e não sou modelo!

Eduardo: Essa de "modelo" foi mais uma inferência livre da Renata, do Pida. Eu falei pra ela que Liana seria modelo de UMA tatuagem de Valmir (tatuador da W. Martins tattoo) e que iria EXIBIR o trabalho no show... Daí pra dizer que ela é modelo e que ela vai 'desfilar', foi um pulo.

Liana: Um pulo grande, vou só exibir a tattoo.

Miwky: Me contem, como estão sendo os shows de vocês, divulgar a banda e o intercâmbio com outras bandas da cidade?

Eduardo: Humm, boa! Ok, shows são sempre muito bons e muito cansativos. Independente tem que ser produtor também, então é sempre uma grande batalha fazer show em qualquer lugar. A gente conta sempre com outras bandas de amigos (Game Over Riverside, Honkers, Costeletas de Fogo) pra conseguir todos os equipamentos e poder viabilizar os shows. Divulgação é internet, orkut, fotologs, spams, msn, cartaz na rua, burnbahiaburn, Pida, o que pintar. Por 'rua', entenda: Rio Vermelho, Calypso, Nhô Caldos, Shoppings, faculdades, Póstudo... Os lugares de sempre.

Liana: Amigos... Boca-a-boca.

Moca: Boca-a-boca é essencial.

Miwky: E a resposta do público???

Gean: A galera curte muito Liana. Ela faz sucesso nos shows.

Moca: Verdade!

Miwky: Imagino...

Liana: Hahahahahahahahahahahahaha!

Eduardo: A resposta vem com o tempo. No começo a gente faz show só pra amigos, depois pros amigos dos amigos... Acho que a esta altura a gente já deve estar na 5ªgeração de amigos dos amigos. E tocar com bandas que estão aí a mais tempo, como os Honkers, ajuda a mostrar o som pra um monte de gente que ainda não teve oportunidade de escutar. E, oh sim, Liana é sempre sucesso.

Miwky: Falando nisso, acompanham o cenário de Rock da cidade?? Do que tem chegado de novo, o que vale a pena ser conferido ou com quem, do velho e do novo rock sotero, gostariam de tocar?

Eduardo: Tem 2 bandas novas que eu ouvi e gostei nesses últimos tempos: Costeletas de Fogo e Game Over Riverside. Os Costeletas porque fazem Rock velho do jeito velho, a Game Over porque faz Rock novo de um jeito, sei lá, atemporal. É sempre uma grande loucura os shows deles, uma imensa putaria. Eu queria muito um dia dividir palco com Vinil69, que são foda. Enfim, do Rock daqui são mais ou menos esses... É claro que tô esquecendo gente, mas...

Gean: Dead Billies! Gosto muito do Honkers, Los Canos, Nancyta, kings of Rock and Roll... E sim, Vinil69 é muito boa.

Liana: Hahahahahha, seria bom.. Nitroh (?), Retrofoguetes, Nancyta.. Honkers é maravilhoso ao vivo.

Moca: A minha vontade de montar uma banda de Rock veio no primeiro show que vi do Úteros em Fúria, os caras eram fantásticos no palco. Dead Billies também. Honkers tá arrebentando aí, energia incrível.

Miwky: Completem ai a sequência: Machina é...

Moca: Rock, pô!

Eduardo: A Machina é um som sujo, alcoolizado e com muita energia, tendo como principal influência o rock dos anos 60 e 70, adicionando referências modernas, obscuras ou ambas.
MC5, Stooges, Beatles, Stones, no meio dessa gente a Machina procura seu som, um rock'n roll seguro e direto. Distorção, contorção e uma menina na bateria transformam o Rock da Machina em ruído com as piores intenções.

Moca: É algo por aí... hehehehhe!

Gean: Ah... esquece essa besteira, deixa só o Rock de garagem sujo e sensual. Hauahauahau!

Eduardo: É, Rock de garagem. A gente não quer meter dedo em ferida de sociedade, não quer falar sobre agrurias do ser humano nem sobre a trajetória da vida.... Tirando essas coisas daí, a gente pode ser qualquer coisa.

Miwky: Então pessoas: notas, considerações finais ou o que faltou. Esta é a hora!

Eduardo: Show dia 12 de maio (sexta), no world bar com PESSOAS INVISÍVEIS, MACHINA E COSTELETAS DE FOGO,21h, R$3+R$5(consumação), sorteio de tatuagens e piercings mutilação humana no palco ao vivo.

Liana: É a inauguraçao do stúdio "W. Martins".

Gean: Bem, vamos começar a gravar a nova demo agora, no início de julho no estúdio de Jera Cravo (Automata), produzida por Dimmy Drummer do Honkers. E até o final do ano teremos um clip também, dirigido pelo sensacional, espetacular Mingau vulgo: Luís Guilherme Mariano.

Eduardo: no mais é mandar a galera fica ligada na comunidade e no site (de volta ao ar segunda feira, a partir das 18h). Lá no orkut sempre tem a programação da CASA DE BETO MUSIC HALL, nosso local de shows mais habitual.

* H. P. Lovecraft e Stephen king são dois escritores do gênero terror.