"Leveeeeeeeeeeeeeeeee..."

Nesta tarde de domingo, depois de aguardar o trio ZecaCuryDamm terminar de compor uma música em homenagem a uma amigo, comecei a entrevista e eis que abrem a fina seda, revelam, entre outras coisas, que é a hora e a vez do movimento Flower, mas engana-se quem acha que os hippies estão voltando...

Simpáticos: o baixista Zeca, o percussionista Cury e o vocalista/violonista (e aniversariante do dia) Damm se apresentaram como uma nova banda de Rock e falaram da proximidade de seu som com o de bandas como Sangria e Flauer. É ler pra crer!

Zeca, Cury e Damm - foto por Ana carolina

Miwky - Vocês se conheceram na escola, se separaram por um tempo e depois voltaram a se reunir. Zeca aprendeu a tocar baixo e então a ZecaCuryDamm formou-se. Dai, vocês são uma banda de Rock em Salvador e o que mais??

Zeca- Nós somos a formidável família musical, apesar de eu ainda não ter aprendido a tocar baixo direito.

Cury- Somos amigos... Acho que o bom de uma banda é poder tocar com amigos e não só com músicos bons, que você foi apresentado na noite do dia anterior. É mais fácil fazer música quando se conhece bem a pessoa com que se está fazendo a música.

Damm- A gente é uma banda de Rock que pensa que Rock é atitude e atitude não é repetir nem reclamar, atitude é fazer, ou idealizar como deveriam ser as coisas. Pra isso fazemos parte do movimento Flower...

Miwky - E vcs estão no movimento Flower cantando, tocando, compondo... Como as músicas chegam?? Do que elas falam??

Zeca- Como eu moro em São Paulo, a minha chega por internet... (risos de todos daqui!)

Cury- Todo momento a gente tá pegando referências na vida pra compor uma música. Vou no banco e lá vejo uma cena que vira tema. Falam das coisas próximas a Zeca, Cury e Damm. Nosso amigo foi campeão brasileiro de aviãozinho de papel, vai disputar o mundial na Austria...Vira música.

Damm- Eu estou com Willy Nelson, que disse que as músicas estão no ar e que em certos momentos a gente se sintoniza com essas mesmas frequências e pronto, elas surgem. As músicas falam de amizade, de sentimentos bons, de como as coisas deveriam ser aos nossos olhos.

Miwky - Ok, vocês citam muitas influências, que realmente identificamos no som da banda: Beatles, Beach Boys, Mutantes, Secos e Molhados, Stevie Wonder, Tropicália, mas sei que já tiveram outros envolvimentos com a música: Cury toca bateria na brincando de deus, por exemplo, Damm tocou pelas ruas de Paris e Zeca teve um projeto bem lo-fi também. A ZecaCuryDamm é totalmente diversa dessas experiências ou dá pra ter uma parte delas neste novo trabalho??

Damm- Acho que não. Eu gravei umas músicas tempos atrás e sempre que componho hoje, às vezes, eu penso: "tá ficando como aquelas músicas", aí eu jogo fora... Acredito que ZecaCuryDamm é outra coisa, é o agora pra gente, nós somos isso.

Cury -Dizer que não trago nada da outra banda é impossível. As duas são bandas de Rock e pra tocar nas duas uso as mesmas referências do que é pra mim tocar bateria numa banda de Rock. Porém a sonoridade dos instrumentos harmônicos são bem diferentes.

Zeca - Acho que não dá pra trazer nada de outros trabalhos. Senão, não teria sentido.

Miwky - Vocês já estão com um cd na praça, distribuindo de forma bem independente (através da família, amigos e do site), sei que foi gravado aqui e com Zeca ainda morando em Sampa. Queria saber como foi a gravação do cd? Quantas músicas? E quais foram as participações??

Cury- A banda existia e de uma hora pra outra acabou. Passou um tempo e Zeca foi morar em São Paulo. Após um outro tempo eu e Damm ficamos tocando aqui em casa, só por diversão. A idéia era todo pôr - do - sol ir pro Porto da Barra e abrir o case pra ver se alguém jogava dinheiro. Começamos a ensaiar e fomos gravar. Fizemos um disco com 8 músicas: 6 dos outros e 2 nossas. Ficamos empolgado com aquele disco e pensamos: "vamos gravar só música nossa". Refizemos as duas, criamos mais um monte e voltamos a gravar. O disco ficou pronto.

Damm - Tadeu, o produtor, desde o começo entendeu bem a coisa. A gente dizia coisas do tipo: "esse timbre não tá Flower" e no dia seguinte a gente mostrou pra ele um arranjo, então ele disse: "isso não tá Flower". Na hora a gente pensou: "é esse o cara". Além de tudo ele também é beatlemaníaco.

Cury - As participações são muitas e foram de amigos que iam no estúdio pra ver trabalhos próprios, conversar com Tadeu. Um dia foi Glauber, ex-Dead Billies e eu sabendo que ele toca gaita, convidei. Outra vez foi Alex Pochat que chamamos pra tocar Trumpete. Outro foi um amigo flautista, Flávio Hamaoka. Tem também um coral de crianças que é da ONG "Os Camaradinhas". Além de Tadeu, que tocou piano e sanfona.

Zeca todo dia ia recebendo pela net as coisas que fazíamos. Damm gravou alguns baixos, pois tínhamos pressa e no Natal Zeca chegou e o levamos pro estúdio pra ele fazer a parte dele.
Tudo muito tranquilo.

Miwky - Antes mesmo do disco começar a ser vendido na cidade, muita gente ia escutando, passando os mp3 pros amigos... Como é que está a receptividade da banda que fará o primeiro show em Salvador só no dia 19/04?

Cury- Tá massa! Temos recebido muitos mails de pessoas que dizem que ouviram o som da gente no carro de fulano. É interessante pensar que a pessoa ouviu o disco e teve o interesse em nos procurar na internet pra mandar uma mesagem dessa. De repente isso é o melhor da coisa toda...

Damm - O mais massa de tudo é que tem gente de todas as vertentes mandando mensagens: metaleiros, pagodeiros, cineastas cult, advogados, mãe de amigo...

Cury - O show do dia 19 será uma coisa simples. "Simples e suave coisa". Imagino que só os amigos irão. Vai ser num bar, vou tocar percussão, mas vai ser massa!

Miwky - Sei... Conquistada a cidade a partir do Bar Balcão, quais são os planos?? Vocês têm outros shows marcados?? Entrevistas???

Cury - Os planos são não ter planos. O que for acontecendo, a gente vai decidindo o que fazer.
Enquanto isso estamos na pré - produção do show de lançamento. Queremos fazer num lugar confortável pra banda e pro público.

Damm- Os planos são fazer muitos shows, tocar em todos os festivias que pudermos e gravar o disco completo, com doze músicas.

Miwky - E quanto ao movimento "Flower" de que falaram, vocês se consideram precursores da nova geração do movimento? Identificam alguma banda na cidade ou que esteja na ativa que seja afinada ao som da ZecaCuryDamm???

Zeca- Precursores de porra nenhuma!Não somos os Novos Baianos e acho Luiz Caldas "Flower" pra caralho!

Damm- Esse movimento já existe a muito tempo. Inclusive recebemos mensagens de muitas bandas que se identificam com nossa música, bandas que também se dizem "Flower", como a Ímpar de BH, Poléxia... Em São Paulo tem um cara chamado Calendas, tem a Udora também, que hoje estão muito mais "Flower".

Miwky - Udora??? Certeza??

Damm- Absoluta. Apesar do peso, as mensagens são todas de esperança. Tem também no Rio uma banda de Reggae chamada Ponto de Equilíbrio que é "Mega- Flower". "Flower" não é um gênero musical e não tem nada a ver com hippie.

Cury - Em Salvador, além da Sangria, tem Teclas Pretas e uma banda chamada Flauer, que eu ainda não ouvi, mas imagino que seja do ramo.

Miwky - Rsssssss! Com certeza! Personas, obrigadinha. Considerações finais, convocações, eis o espaço publicitário...

Cury - Acabou?

Miwky - Falamos de muita coisa, Cury. Por que será que toda banda me pergunta isso no final?? Foi bom pra mim.

Cury - Massa, foi bala!

Pra ouvir e/ou baixar um pouco de ZecaCuryDamm na trama virtual, clique aqui!

Veja também o site oficial.

ZecaCuryDamm fará seu Skent Show em Salvador no dia 19 de Abril, quata-feira, às 21:00, num bar novo chamado Balcão (antigo Chico-Roco). Na orla do Rio-Vermelho, próximo das quadras de bába.
Show de lançamento do Cd...Em breve.