1, 2, 3, 4... Eu te amo!

Foto por André Fofano

Letras simples com versos emotivamente contundentes. Guitarras altas e praticamente toda uma série dedicada ao amor na melhor e, nalgumas canções, na pior de suas facetas. É mais ou menos assim que sintetizo as treze músicas do disco da banda Pessoas Invisíveis, que acaba de sair.

Capitaneada pelo vocalista, guitarrista e letrista Bruno Pizza, a banda é também Bekko no baixo, André na outra guitarra e mais recentemente, Jera Cravo assumindo as baquetas, outrora pertencentes a Glauco Neves, que agora enveredou em carreira solo pra falar de amor e outros sentimentos na sua própria voz. Mas este dá outro capítulo na história da música independente de Salvador.

Tinha prometido passar minhas impressões há algum tempo, eu sei, afinal o disquinho me foi presenteado no histórico dia em que a banda norte-americana Mudhoney fazia um incrível show na cidade, dentro do BoomBahia Festival. Porém fiquei presa ao disco e sobre isso, falarei mais adiante.

No BoomBahia, antes de Mark Arm e turma fecharem noite e festival, Pessoas Invisíveis subiram ao palco e mostraram um desempenho tão bom quanto polêmico. Disto, o que posso dizer é que, entre altos e baixos, Bruno Pizza se sagrou um grande frontman e dominou o público. Abrindo toda essa festa, o novo projeto de Nancyta: Nancy e os Nunca Vistos. Eu adoraria vê-los outra vez, palmas ao repertório porque da voz da moça e de seu carisma nem preciso discorrer.

Capa por Bruno Aziz

Mas voltando ao cd, gravado no Estúdio Vertice entre os anos de 2007 e 2008, é necessário salientar a excelência das participações e todo o cuidado primoroso do intento. Desde a capa, obra do quadrinista Bruno Aziz até, por exemplo ao dueto com Ronei Jorge na última faixa do disco: ”De um jeito ou de outro”, uma das prediletas da casa.

Como antecipei, as letras de amor (e desamor) são de fácil acesso, o que me remete ao método como faz o Léo Jaime em suas composições. Contudo, outra influência é mais rapidamente apreendida: Dinossaur Jr. em “Tudo é seu” (mais que influência, ahn?!).

“Pra sempre” é hit aqui e maior motivo deste texto ter demorado até agora. É a faixa 3 do disco e sair do repeat pelo balancinho que proporciona e na idéia de “Saudade é dor maior pra quem deseja sempre poder ir além” foi muito difícil, confesso. Lindo!

Antes dela foi “Contramão” com o verso poderoso (e correto na figura de linguagem): “... a contramão que é amar!”. Mais à frente e pra fechar a minha coleção, a faixa 11 diz: “Amar é mudar!”. Ou seja, acho que é a Nilma Cris, namorada e musa a quem, de repente, preciso agradecer por essas coisas.

Um lance que me ocorreu quando ouvia vezes e vezes as faixas do cd é que cada uma delas poderia ser trabalhada tranquilamente nas rádios, fazer parte de trilhas de novelas e alguns seriados, tem material ali pra isso, mas...

Informalmente perguntei a algumas pessoas: músicos, críticos e técnicos da área e alguns fãs da PI sobre qual seria a melhor faixa do disco, a agradável surpresa foi que 12 das treze canções foram citadas. Quando não se comentou a respeito da força das letras, destacavam alguma pancada especial na bateria, o tom do baixo ou ainda de como as guitarras estão bem alinhadas.

Para mim há que se superar o regionalismo para o entendimento de algumas palavras e a quebra do ritmo noutras. Porém o poder absoluto da verdade sobre esse disco está com você: já o escutou? Se não, aproveita e compra logo porque está muito barato. Pede por e-mail. Se sim, não deixa de registrar o seu comentário na seção apropriada dessa postagem.