sexta-feira, novembro 12, 2004

Matei a Columbina


Eu sempre festejei o carnaval. Lembro mesmo que, quando criança, passava mais de duas semanas vestido com as fantasias costuradas e inventadas por minha avó; uma antes, outra durante e mais uma pós-festa momesca. Coisa de pirralho, vai saber...

Então... eu tava já de saco cheio da minha vida este ano: perdi o emprego, dois dentes e três paixões que eu tinha como certas na manga. Foda!

Tava um tanto deprê, a única coisa que me dava um segundo de animação, aquele sorrisinho cínico de canto de boca, era o fato de que eu tinha a grana do seguro desemprego e ia torrar toda.

Wow!!

Só pensava no mulherio louco pra me dar a boceta. Sabe como são essas coisas no carnaval, né? Pulam no teu colo tão fácil como em nenhuma outra época do ano. Primavera para minha pica, pleno verão.

Ah, para os que não sabem ainda, moro em Salvador e embora odeie as músicas executadas nos trios elétricos e ache boa parte dos artistas, aquele pé no saco, tenho mais é que agradecer por existir esta festa, meu bom. Aliás eu e meu pauzão.

Para não enrolar mais, tô eu lá no circuito Batatinha (Pelouriho), tomando todas as cervas e os cravinhos, dançando sei lá que música, era de uma marchinha ai. Talvez do Lamartine, não sei. E não é que me chega uma gringa muito louca, sorri pra mim, os dentes à mostra obviamente por causa de muita cachaça no rabo e me tasca:

- Gatchénho, tienes lança?

Que porra de gringa louca era aquela?? Uns colares havaianos no pescoço e na cabeça também tinha outros arrancados, provavelmente, a beijo de algum Filho de Gandhi; a saia minúscula e imunda, um pedaço de pano vermelho torcido pra cobrir os peitos e a cara cor-de-rosa. Ah, essa era denúncia de que a chica havia há muito se esbaldado por minhas praias. Figurinha desprezível, mesmo. Sem Comentar mais do mau cheiro... Putz!! Essas putas não têm a mínima higiene, man!

E ainda me perguntando por lança, que burra, era mais fácil ter trazido lá das Argentinas dela, lá o troço não é liberado?? Devia ser da Espanha, a vaca. Mas não posso mentir que despertou uma sanha pelo negócio:

- Tenho não, minha nêga, mas se você achar por ai, não esquece de mim, não, viu?! Me procura, me acha.

Outra época eu teria, mas ia dar uma de muquiranas com ela. Odeio gente que te pilha o cigarro, que quer um gole da tua bebida e que pede assim... sem o menor pudor. Ah, vão se foder!! Mas sabe mesmo porque não tinha?? 300 contos o frasquinho, meu bom, não é pra qualquer um não. Malditos contrabandistas, atravessam a porra da fronteira na maior, comprando o bagulho lá por, no máximo, uns 5 dólares e vêm aqui pra me tirar de otário, vão se foder vocês também!!

Não comprei não, mas vi que o canal era tretar com uma gringa, pongar nelas mesmo e descolar uns baratos. Então, era o jeito... Aquela gringa nem me olhou mais com sorriso nenhum quando viu que do meu mato não sairia coelho doidão nenhum. Ela tava na fissura. E eu acabara de ficar.

É, subi pra o circuito oficial de desfiles, porque tava embaçando de guri e velhinho lá no Pelô. Também teria mais chance de uma viagem onde houvesse mais gente, aquela coisa.

Achei lá uma porrada de mulher boa, uns cuzões bons de dar várias. E, sabe, taro numa morena de olhos claros. Aquelas lá eram italianas, tavam fantasiadas e as porra. Umas malucas, com certeza. Aqui em SSA, o barulho é sair de abadá (que me parece mais farda do que adereço carnavalesco, é bem verdade), mas como era tudo européia...

Vi logo que uma "de Jane" se engraçaria comigo. Puta peitão, cara! Mas a Columbina chegou primeiro, lançou a mão pra dentro do meu bolso e começou a manejar, sabe?! Atitude!!

Não, ela pegou foi meu maço de cigarros lá dentro, isso sim. Tudo bem, via que estava prestes a comer aquela boceta. Que não dava pra ver boceta nenhuma, aquela fantasia era uma bosta, mesmo. Paciência...
Sorri malícia pra ela, indiquei um canto com a cabeça, acendi seu (meu) cigarro e tomei-a pela mão. A moçoila deu "ciao" pras amigas, a "Jane" retou, mas não quis demonstrar, eu é que sei que meu passe tava valorizado, nêgo.

Pois é, fodi muitas vezes Valeriana. Que nome de puta, né?? A mulher era meio ninfomaníaca, acho, e foi tudo ali pelo meio da rua mesmo, no Beco dos Artistas. Tinha Cocaína, a vagaba, muita e da boa. Cheirei, dei um pouco pra ela, fodi mais, até acabarem as camisinhas e ela me pagar um boquetaço. Meu irmão, que boca quente tinha aquela italiana, chupava com um gosto que nem deu dó de eu ser soro positivo e passar a coisa ruim pra ela.