TVE repaginada

Há algum tempo nos perguntamos: por que a tve tem programas com alto teor de relevância cultural e ainda assim, goza de baixíssimas audiências. A resposta podia ser apontada em várias teorias, mas para mim recaía na questão de que a emissora não amparava considerável parcela de telespectadores: os adolescentes e jovens.

Sim, a rede educadora é ponta no que se refere à programação infantil, que a consome mais ao horário matutino e também é super solicita em programas dirigidos à fatia mais "madura", digamos assim, na faixa horária mais noturna. A expectativa do jovem, de uma maneira geral, era levada ao vácuo pela TVE e é ele ou não quem acaba passando mais tempo em frente a tv do que as outras camadas de telespectadores?? A emissora lega um ou outro programa de música, em horários pouco apropriados e me desculpem, mas não fala a línguia deste jovem brasileiro de hoje.

Ninguém tá querendo uma locução cheia de "axim", "poko", "naum". A coisa não tem que se nivelar por baixo e a Tv Cultura tem de prezar pelo seu papel educativo, sempre! Mas como conquistar esta audiência acostumada à linguagem de rápida assimilação (como nos vídeo-clipes), exigente no tocante à riqueza de apresentação de imagens e perpetuar a sua marca de valorização da cultura, sem ser chata??

A resposta demorou a se processar, mas vejo com excelente bons olhos a associação da rede a veículos já habituados a prestar este atendimento. Eu estou me referindo às novas parcerias anunciadas com as revistas: Superinteressante, que vai a fundo nas investigações e rica na infografia; Mundo Estranho, que foi parida a partir daquela revista, mas que hoje goza de uma independência sólida, falando ao jovem aquilo que o interessa, o que ele tem de curiosidade, a sua maneira e mantendo idéias profundas nesta geração desamparada, até então, pela tv estatal. Isso sem me aprofundar muito na contribuição que a revista Recreio gerará na parceria. Que bons ventos tragam-na.