quarta-feira, dezembro 21, 2005

Mega sena acumulada




Vou fazer uma análise, não pra chutar cachorro morto, mas só no intuito abrir os olhos dos grandes produtores da cidade para a música que sempre se desenvolveu em volta da Axé-music e que eles teimam em não enxergar. Eu sei que vocês lêem isso aqui, pois, toma:

A galera bem que se esforçou até agora pra ressucitar o falecido. Mas a verdade é uma só: a Axé-music morreu, e morreu feio, veja os pedaços do corpo e sinta como ainda fedem. Não foram tantos títulos novos lançados, tampouco os dvds de shows ou os que (ab)usam do recurso de revival. Isso me atendo a uma rápida análise. E se pergunte: quais bandas vão concorrer à revelação do próximo carnaval?? Quase ninguém surgiu, não é? A fonte secou.

Não precisa ser gênio pra sacar que os artistas deste segmento trataram logo de garantir as finanças. Para eles é hora de investir noutra coisa, porque música, meu caro, não é mais a deles. Sejá lá botando nome numa garrafa de vinho ou posando de apresentador de programa, cada um se vira como pode. Dizem até que uma personalidade da música baiana, digo, do som Axé, vai entornar carreira política. Não vai ser nada espantoso se começarem a pipocar pastores evangélicos ou funkeiros made in Bahia...

Enquanto isso, na cena independente da cidade, as bandas de rock e até de pop mostram a cara pra mais e mais pessoas, sim! Enfim, o público que nunca prestigiou a veia rocker de Salvador, começa a aparecer e isso significa mais shows, melhor estrutura, ampla divulgação pra o que se faz aqui, sem contar mais detalhadamente que este som estoura fácil, fácil em diversas partes da cidade, o que, particularmente, faz a alegria da relatora. Casas de shows fora do eixão do Rio Vermelho ou projeção das bandas em locais nunca dante imaginados, por conta do domínio do Axé-arrocha-pagode. Ai, amém!

Voltando ao cadáver, o último tiro de misericórida parece ter sido dado no festival que apelava a solidariedade dos baianos. Recheou-se a Fonte Nova de estrelas-cadentes da Axé-music e nada aconteceu, baixaram o ingresso (lá na porta tinha cambista vendendo 3 ingressos por cinco contos!), mas neca de pitibiriba. Será que em Salvador, ao contrário do resto do mundo, nesta época, ninguém é tocado pela cristandade a ajudar o próximo??? Não, meu velho, não é isso. O povo tá sem grana, é verdade, mas na boa, ele não aguenta mais do mesmo, sabíamos que isso um dia aconteceria: saturou, mano!

Outro fiasco é este festival de verão cagada, que tomou um gás com a notícia de que a Alanis Morrissette viria, mas como tratou de desmentir, afundou mais um pouco. Escutem o que anuncio: este festival migrando pra início de fevereiro, não vai fazer nascer nem chuchu por lá. A massa vai receber a grana, mas vai pensar que o carnaval tá ali, na boca e não vão pagar pra ver um punhado de bandica decadente, acredite!

A proposta de atrair um público diferente também michou, vide as porcariazinhas que vão trazer de fora e as portas terem sido fechadas completamente pra o que se faz de bom aqui. Uma pena, estão enganados produtorezinhos de merda, nem a mãe de você vai aparecer lá, vão tomar um puta dum prejuízo. Larguem a mão de burrice e comecem a prestar atenção no que é latente. Um rápido exemplo: Ronei Jorge & os ladrões de bicicleta, Dr. Cascadura (sim, tragam-na de volta!), Vinil 69, Los Canos, Retrofoguetes, etc... E abram os ouvidos para o que tem de novo também, é música boa, feita com profissionalismo e por uma galera de garra. Tenho dito!