sábado, julho 03, 2004

O feio mais simpático do Brasil entra na roda com um ótimo disco novo


Um dos ícones do rock independente brasileiro, Wander Wildner lança um ótimo disco solo, com vários covers, pouco tempo depois de uma elogiadíssima performance no maior evento indie do país no ano até o momento, o Curitiba Pop Festival.
Paraquedas do Coração seria o segundo disco de Wander Wildner acompanhado dos “Comancheros” Mauro Manzoli e Tom Capone, não tivesse consumido cerca de 6 anos de dedicação do maior expoente do chamado “punk brega”. Sucessor de Baladas Sangrentas, lançado em 1995, Paraquedas do Coração só chega ao mercado agora, depois de Buenos Dias!, Eu Sou Feio... Mas Sou Bonito! (o mais conhecido de todos) e No Ritmo da Vida, coletânea encartada na edição de janeiro da revista Outracoisa.
Uma curiosidade da carreira do “Jack Kerouac de coturnos que veste camisas largas de estampas havaianas e canta em portunhol”, ou do “mariachi cyberpunk” como está no site oficial, é um disco com apenas 5 músicas e tiragem de 46 cópias, chamado de Valeu a Força, Veinho!. È que, lá pelos idos de 1998, Wander Wildner queria ir para Barcelona, na Espanha, mas não tinha dinheiro suficiente. Resolveu então seguir a sugestão de um amigo, gravou 5 músicas inéditas e vendeu cada disco por 46 reais para amigos e fãs de carteirinha. Reza a lenda que nem ele mesmo tem uma cópia. Entre as 5 músicas estão Candy (cover de Iggy Pop) e Eu não consigo ser alegre o tempo inteiro, ambas presentes em Paraquedas do Coração.
O novo trabalho tem produção caprichada assinada por Tom Capone e a participação de músicos convidados, como Constança Scofield, que toca flauta em Rodando el Mundo, faixa que abre o disco. As letras das músicas próprias seguem a linha passional com muito humor já característica do autor de “Quase um alcoólatra”, “Jesus Voltará”, “Eu Tenho uma Camiseta Escrito Eu Te Amo”, entre outras pérolas do rock independente nacional.
Wander Wildner, uma das maiores referências para a local Los Canos, acertou ainda incluído o cover de Candy, balada fofinha de Iggy Pop, uma regravação de Hippie-Punk-Rajneesh, clássico dos Replicantes, e até uma música que tem uma letra composta em cima de uma melodia dos Ramones, Eu Acredito em Milagres. Há espaço ainda para canções cantadas em um “portunhol embromation” que ele próprio diz que seria um idioma paraguaio.
Apesar de estar fazendo shows para divulgar o disco, ele deve voltar aos estúdios em breve, para gravação do disco novo dos Replicantes. Não vai faltar tempo, no entanto, para ouvir Paraquedas..., um dos melhores discos nacionais do ano até o momento, “filho” nascido de um parto árduo de um dos artistas mais irreverentes e criativos do rock nacional, que há mais de uma década vem plantando clássicos rock e... bregas, porque não? Se tudo o que é taxado de brega atualmente dentro da música brasileira chegasse pelo menos perto do que é o trabalho de Wander Wildner, o mainstream nacional não estaria em tão maus lençóis.